ERAM
OS DEUSES GOZADORES?
Reza a lenda que uma tribo nômade de Aztlán, norte do México, vagava em busca
da terra prometida para construir um grande império. Sujeito camarada, o deus Huitzilopochtli manifestou-se por meio dos sacerdotes e deu uma dica
valiosa: o local em que os astecas deveriam construir a nova cidade seria onde avistassem uma águia pousada em um cacto, devorando uma
serpente.
Quinhentos anos se passaram até que finalmente, num belo dia, avistaram a cena. Estavam lá, nitidamente, a águia, o cacto
e a pobre cobrinha sendo devorada. Só tinha um pequeno porém, que deixou os peregrinos desconcertados: o cacto ficava numa ilhota no meio de um enorme
lago pantanoso, o Texcoco, cercado pelos vulcões Iztaccíhuatl e Popocatépetl. Depois de cinco séculos de buscas, achar os símbolos sagrados no meio de tanta lama só podia ser gozação do tal deus. Mas, como ordem
divina não se discute, os índios colocaram mãos à obra e edificaram ali mesmo o novo império, com muito trabalho e dificuldade. Assim nasceu, em 1325,
Tenochtitlán, a cidade sagrada dos astecas e hoje a Cidade do México. A imagem do cacto, da cobra e da serpente está na bandeira mexicana.
O
mapa acima é uma reprodução de um desenho do século 16, que traçou a peregrinação dos antigos astecas desde o seu território original em Aztlán até
Tenochtitlán, no Vale do México. Supõe-se que a migração se iniciou no século nove e prosseguiu por centenas de anos. Assemelhando-se mais a uma
"linha do tempo" do que a um mapa convencional, este documento distorce direções e distâncias para melhor mostrar a rota e os eventos significativos
da jornada asteca.
O quadrado azul na parte superior direita representa Aztlán, ponto de partida da peregrinação. Cada figura semelhante a um
vaso de plantas no decorrer da trilha representa a passagem de um Ciclo Asteca, aproximadamente 52 anos. Períodos de tempo menores estão representados
por conjuntos de bolinhas, também à beira do caminho; cada uma representa a passagem de um ano. A chegada em Tenochtitlán, hoje Cidade do México, está
indicada pela cruz azul na parte inferior esquerda da ilustração, entre as duas linhas azuis. Neste lugar, os astecas gozaram de prosperidade e
relativa paz durante 200 anos, até a chegada dos conquistadores espanhóis.
Nota A reprodução do desenho acima foi publicado em 1858
no Atlas Geográfico de García y Cubas, Estadístico e Histórico de la República Mexicana, de Antonio García y Cubas e José Fernando Ramírez.
Veja a imagem ampliada em
http://serqueira.com.br/map/asteca-grd.jpg Celso Serqueira |
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