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"Le vrai pourtraict de Geneure et du Cap de Frie", Jacques de Vau de Claye, 1579

 (Detalhe da Região dos Lagos - Cabo Frio e lagoa de Ararauama)

FRANCESES, ESSES INVASORES AZARADOS

Parte 2 de 2

Vimos na parte anterior que o plano de retomada do Rio de Janeiro pelos franceses exigiu a elaboração de um mapa secreto onde constavam detalhes precisos da cidade e várias observações estratégicas, inclusive por onde seria feita a invasão: Saco do Diogo, onde hoje se situam a Rodoviária Novo Rio e as avenidas Francisco Bicalho e Pres. Vargas, no Centro. 

Preparado o mapa, foi escolhido o veneziano almirante Filippo Strozzi para comandar a armada francesa que viria ao Rio para concretizar a vingança e expulsar os portugueses. Estava tudo pronto. 

Aqui temos que fazer uma observação: naquela época, o rei Filipe II de Castela estava disputando o trono de Portugal com outro interessado, D. Antônio, filho do infante D. Luís e Prior de Crato. Extremamente cruel, Filipe II terminou tomando Portugal à força. A única colônia que se recusava a reconhecê-lo como rei era o Arquipélago de Açores, que por isso era o lugar ideal onde o derrotado D. Antônio poderia se refugiar. Mas como chegar lá? Fácil, era só pegar uma carona com... os azarados dos franceses! 

Partindo da França em 1582 para invadir o Rio, os quase cinco mil franceses distribuídos em cinqüenta e cinco navios deram antes uma passadinha nos Açores para desembarcar D. Antônio. Já estavam se preparando para partir quando foram surpreendidos por uma frota de Filipe II, comandada pelo marquês de Santa Cruz. Após violenta luta ao largo da Ilha de São Miguel, os castelhanos conseguiram a vitória e destruíram completamente a armada francesa. Foi esta a primeira batalha naval que se deu no alto mar Atlântico.

Foi assim que, mais uma vez, o sonho francês de dominar o Rio de Janeiro afundou. Desta vez, literalmente. E o nosso mapinha lá de cima ainda existe por ser a cópia (que ficou na França) daquele que foi pro fundo do mar nos Açores.

Os franceses voltaram a tentar a invasão do Rio de Janeiro somente 128 anos depois e, novamente, foram derrotados. Mas em 1711 enviaram o corsário René Duguay-Trouin que finalmente conseguiu tomar a cidade, saqueando-a e incendiando parte dela. Recebeu um altíssimo resgate para devolvê-la aos portugueses, após dois meses de ocupação. Mas isso já é história de um outro maravilhoso mapa.

Celso Serqueira