CREDO QUIA ABSURDUM
(creio, mesmo que seja
absurdo)
Parte 1 de 2
Esta afirmação do apologista cristão Tertuliano demonstra a exigência de submissão incondicional aos dogmas da Igreja
Católica. Foi dita no século II, mas permanece atual 1.900 anos depois. A religiosidade foi um fator de grave influência na evolução humana e os mapas
foram fortemente marcados pelo catolicismo, principalmente pela nova bíblia.
Entre os séculos II e VI os mapas-múndi passaram a ser
apresentados de forma diferente, redefinidos de acordo com o Cristianismo. A Bíblia passou a ser o padrão para a reinterpretação da história e do
mundo, e os mapas tiveram que obedecer à descrição do Gênesis, que dividiu o mundo - Ásia, Europa e África - entre os três filhos de Noé. Mas de onde,
afinal surgiu este livro que tantas religiões alegam ser "a palavra de Deus" e que tomou o lugar da ciência durante tantos séculos?
EM NOME DE
DEUS, MAS SEM FIRMA RECONHECIDA
Para entender como a bíblia atual foi montada e como se deu sua influência na cartografia, é preciso saber a
origem da Igreja Católica. A própria concepção de "igreja", na época de Jesus, não era a que temos hoje, com templos suntuosos e estrutura
hierarquizada. Os seguidores da doutrina de Jesus, originalmente, eram humildes como o nazareno e se reuniam em casas particulares onde liam cartas e
mensagens dos apóstolos e trocavam idéias. Uma versão pioneira do "culto no lar".
A rica e poderosa organização religiosa multinacional que é
hoje a Igreja Católica começou a ser planejada em 313 d.C. Nesta época, com o grande avanço da "Religião do Carpinteiro", o imperador Constantino
Magno enfrentava problemas para manipular o povo romano, dividido entre pagãos e cristãos. Vendo que em médio prazo os cristãos seriam maioria, o
imperador traçou a estratégia de unificar ambas as crenças sob a égide de uma nova religião, cujo controle, evidentemente, seria dele. Sua primeira
providência foi declarar-se "convertido" ao cristianismo e dois anos depois convocar uma reunião com as maiores lideranças religiosas e políticas,
para estruturar as bases da nova doutrina.
Foi então que, em 325, reuniu-se o Concílio de Nicéia, na Turquia, presidido pelo imperador
Constantino e composto por 300 "bispos" por ele nomeados. Tal concílio consagrou oficialmente a designação "católica" aplicada à igreja organizada por
Constantino e montou uma nova versão da Bíblia. Nos anos seguintes, os cristãos verdadeiros, seguidores dos apóstolos, foram se dispersando e o
cristianismo original desapareceu. O plano de Constantino teve êxito.
Uma das primeiras tarefas dos bispos era realmente curiosa: definir se
Jesus era a primeira e mais nobre criatura de Deus (Arianismo) ou se ele era o próprio Deus, feito da mesma substância. Esta última condição
prevaleceu, mas não sem a discordância de grande parte dos presentes, que por causa disso foram perseguidos e posteriormente punidos por Constantino,
cujos planos necessitavam de uma nova "divindade" - Jesus - para se opor ao próprio Jeová dos Hebreus, ao Buda, aos poderosos deuses do
Olimpo.
O Cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, na sua forma mais adulterada. Tornou-se instituição, criaram-se
profissionais da religião, adotaram-se simbolismos pagãos e criaram-se ritos e rezas, ofícios e oficiantes. Uma complexa estrutura teológica foi
montada para atender às pretensões absolutistas da casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiéis com a draconiana afirmação: "Fora da Igreja
não há salvação".
Quando Constantino morreu, em 337, foi homenageado e enterrado como o "13º Apóstolo". Foi, de fato, o primeiro papa
católico. ( continua.... ) Celso
Serqueira | |
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