AS MULHERES NO PÃO DE AÇÚCAR
Até
recentemente, no início do século 19, os moradores do Rio de Janeiro julgavam impossível o acesso ao pico do Pão de Açúcar e ninguém era louco de
tentar esta façanha. Ninguém? Bem, para surpresa geral dos cariocas e do mundo, num ensolarado dia do ano de 1817, uma bandeira britânica passou a
tremular no alto daquela pedra, como se marcasse a conquista de um novo território para o Reino Unido.
A proeza feriu não
apenas o nosso brio nacionalista, mas também o orgulho masculino; afinal, quem heroicamente completou a escalada e fincou a bandeira foi uma mulher, a
alpinista inglesa Henrietta Carsteirs. O estrago já estava feito, mas diz-se (não há registro oficial) que um soldado português considerou aquilo uma
afronta e no dia seguinte escalou o penhasco, arrancou o pavilhão inglês e o substituiu pelo de Portugal.
Alguns anos depois, um grupo
de oficiais da marinha britânica em visita à cidade repetiu o feito de sua conterrânea. Na tarde seguinte, alguns patriotas brasileiros subiram o Pão
de Açúcar e mais uma vez o símbolo foi substituído. Seguiram-se outras ousadas ascensões e trocas de bandeiras, sempre disputando o privilégio de
exibirem as cores dos respectivos países.
Quem deu um basta a essa competição esdrúxula foi novamente uma mulher, a alpinista italiana
America Vespucci, que subiu facilmente o penhasco em 1838 e com isso abaixou de vez a testosterona dos machos alpinistas. Uma das maiores expedições
ao Pão de Açúcar foi feita em 1889 pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, que homenagearam Dom Pedro II hasteando uma gigantesca flâmula
com a inscrição "Salve!", com letras de sete metros de altura.
Celso Serqueira | |
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