Detalhe de "Entrée de la Riviere de Janeiro a la Côte du Bresil", François Froger, ano 1695

AS MULHERES FÁCEIS DOS TRÓPICOS

Existe muito pecado no lado de baixo do Equador. Essa foi a afirmação unânime dos viajantes estrangeiros que estiveram no Rio de Janeiro e em Salvador nos séculos 17,18 e 19. As brasileiras eram muito mais acessíveis sexualmente que as européias, e concediam "seus favores" com mais facilidade. Praticamente, umas devassas. 

O que tem isso a ver com o mapa ali em cima? É que seu autor, o viajante François Froger, esteve por aqui em 1695 e afirmou, em seu livro "Relato de Uma Viagem", que o Rio de Janeiro em breve teria o mesmo destino de Sodoma, tamanha a libertinagem em que viviam os seus habitantes. O mapa, desenhado nessa ocasião, acompanha o livro. 

Mas essa não era opinião somente dele. O viajante Pyrard de Laval esteve em Salvador em 1610 e afirmou que foi convidado na rua para manter relações sexuais com damas da sociedade local, que eram "afáveis e muito amigas dos estrangeiros". 

Em 1676, Gabriel Dellon, de passagem pela Bahia, descreveu mulheres, homens, brancos, negros e mulatos como "mergulhados na mais completa libertinagem"; o célebre navegador britânico William Dampier, em 1699, também insinuou que as baianas tinham um especial apreço pelos estrangeiros. 

Em 1713, o conhecido navegador e sábio Amédée Frézier declarou, escandalizado, que as mulheres na Bahia eram todas "libertinas" e que seus maridos as trocavam na cama pelas cobiçadas mulatas. Já a inglesa Jemima Kindersley, em 1764, constatou que as baianas eram extremamente hábeis na arte de enganar os homens. 

O herói britânico capitão James Cook esteve por aqui em 1768 e registrou no seu diário: "No que se refere ao Rio de Janeiro, algumas pessoas chegam a afirmar que na cidade não há uma única mulher honesta". Como vocês podem ver, o turismo sexual de que tanto se fala é coisa velha de pelo menos 400 anos. Ou fomos vítimas da hipocrisia européia?

E voltando ao mapa, o tal François Froger ficou tão desnorteado pela sodomia carioca que desenhou um documento pobre e sem precisão geográfica. Um mapa portolano dos mais simples, desprovido de Rosa dos Ventos (!) e com uma florzinha de liz mixuruca para apontar o Norte. É nisso que dá ficar tomando conta da vida alheia!

Celso Serqueira e-mail do autor

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