Avião  da Nyrba  passa pelo Pão de Açúcar,  Rio de janeiro, em 1930

NOS TEMPOS DA PANAM, PANAIR E NYRBA

Esta foto de um hidroavião Consolidate Commodore voando perto do Pão de Açúcar foi tirada em 1930 do cockpit de um outro avião, da Pan American Airways. O autor foi o capitão Alfred G. Buckham, que se notabilizou por fotografar em vôo diversos pontos pitorescos e atrações naturais pelo mundo afora. Da esquerda para a direita, vê-se parte das praias de Copacabana, Vermelha e de Botafogo; no alto do rochedo, a antiga estação do bondinho.

Este hidroavião pertencia à norte-americana Nyrba Air Lines (nome formado pelas iniciais das cidades em que operava: New York, Rio e Buenos Aires), que acabara de ser vendida à Pan American. Conta a história que a Panam obteve a cumplicidade de políticos americanos e recorreu a expedientes pouco éticos para prejudicar a Nyrba e depois comprá-la, "na bacia das almas", por menos da metade de seu valor.

Coincidentemente, a Nyrba mais tarde se transformou na Panair e também foi vítima de um golpe sujo, dessa vez do governo brasileiro; em 1965, a ditadura militar fechou a companhia "por decreto", sem que ela tivesse qualquer problema técnico ou financeiro. Do dia para a noite, quase cinco mil pessoas perderam seus empregos e parte delas, a razão de viver.

Sabe-se hoje que a Varig já vinha tramando esse golpe em conluio com os milicos havia vários meses, período em que se preparou tecnicamente para assumir as rotas da Panair. A história da Varig não é muito bonita e tem alguns episódios como este, em que fazer conchavos com o governo para eliminar seus concorrentes (Real Aerovias, Cruzeiro do Sul, Rio Sul, Nordeste...) constituíam sua melhor prática de marketing. 

Mas as coisas mudam e a situação política também. Em novo episódio nebuloso, agora desfavorável,  a Varig começou a perder espaço e negócios no governo federal para as concorrentes TAM e Gol. Ao final de 2003 a União já acumulava uma dívida de quase R$ 5 bilhões com a empresa gaúcha, que ainda resistiu por sete anos até a decretação de sua falência. O pagamento nunca foi feito.

A Panam não teve melhor sorte: faliu em 1991.
Celso Serqueira e-mail do autor

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