NEM BAÍA, NEM JANEIRO
Todo mundo conhece a história de que os portugueses confundiram a
Baía de Guanabara com a foz de um rio e por isso a batizaram de Rio de Janeiro,
nome que depois passou a designar a cidade. O que poucos sabem é que eles não estavam tão enganados, talvez apenas atrasados - cerca de 300 mil
anos.
Naquela época, a baía era um grande estuário de água doce que drenava próximo à bacia de Campos, a quase 200 quilômetros do Pão
de Açúcar. Alterações da topografia e do nível do oceano fizeram o mar invadir e inundar o Rio
Guanabara (fenômeno conhecido como rio afogado),
produzindo a baía atual. Trocando
em miúdos: o Rio de Janeiro ou Baía de Guanabara é nada
menos do que o antiqüíssimo Rio Guanabara, que foi submerso há
milhares de anos. Tecnicamente, "trata-se de um antigo estuário pleistocênico afogado, correspondente ao Paleo Rio Guanabara" (C. Guterres
Vilela apud Ruellan, 1944; Amador, 1997).
Bastante reduzida pelos sucessivos aterros de sua orla, a Baía (ou Rio) de Guanabara tem atualmente
1,65 quilômetro de largura na barra (entrada) e 30 quilômetros na sua parte mais larga, com perímetro de 131 quilômetros. Sua superfície é de 381 km²
e o volume d'água, de 2 bilhões de m³. Recebe 35 rios, tem 42 ilhas e 53 praias. A profundidade média é de 7,6 metros (17 m na barra).
O que
antes era habitat de lagostas, golfinhos, baleias e centenas de tipos de peixes, hoje abriga menos de uma dúzia de espécies e está
absolutamente poluída. Não existe a mais remota possibilidade de que este quadro seja revertido (veja também: Um Rio Chamado Janeiro).
Escrito no postal: Esta
formidável ilha é muito procurada para banhos e pesca. Rio de Janeiro, 09/01/1905, Amalia." Celso Serqueira | |
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